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Ar Fresco

quinta-feira, outubro 26, 2006

Grandes Portugueses...

Ocorreu ontem um primeiro "debate", que muitas vezes resvalou para outros assuntos: participação (ou ausência) feminina na votação, poucas mulheres "nomeadas", a força dos séc. XIX e XX nos pseudo-nomeados, e, claro, a incontornável "sugestão forçada" do nome de Salazar [a posição (ridícula, mas compreensível) de proximidade de José Hermano Saraiva para com o nome e os ataques que sofreu, quer como Salazarista, quer como "estoriador" foram do pior que ontem se viu].

Seja como for, a "eleição" pelo menos trará discussão, um pouco de interesse e curiosidade pela nossa história...

Pela parte que me toca votaria em Nun'Álvares Pereira, o Condestável, em Bartolomeu Dias ou no rei D. João II, ou no Marquês de Pombal.

terça-feira, outubro 17, 2006

Segurança Social (I)

O novo sistema de segurança social contém, pelo menos, dois problemas para os quais ainda não vi propostas de resolução, quer por parte do Governo, quer por parte de propostas alternativas da oposição.

1 - Trabalhar até mais tarde

Hoje em dia já é comum ver anúncios de emprego, cuja idade máxima é normalmente os 35/40 anos (na melhor das hipóteses). Ora se um trabalhador tem o azar de cair no desemprego após os 40 anos, ser-lhe-á muito difícil encontrar um novo emprego, especialmente tendo em conta as habilitações académicas e formação que grande parte dos trabalhadores portugueses têm.

É ponto assente que temos de trabalhar mais tempo e que deveremos indexar a idade de trabalho ao crescimento da esperança de vida. A questão é: como convencer as empresas de que ainda vale a pena apostar num trabalhador com mais de 40 anos? Os incentivos fiscais são uma das medidas do Governo ( a redução da taxa de seg. social da entidade empregadora, respeitante ao trabalhador), mas isto é insuficiente e ineficaz - veja-se a este nível as medidas de incentivo à contratação de jovens à procura do primeiro emprego, trabalhadores com desemprego de longo prazo, etc...

2 - Investimento particular extra dos contribuintes

A ideia parece-me lógica, contudo neste problema há dois subproblemas: a) salários baixos e (muitas vezes simultaneamente) alto endividamento do sociedade portuguesa, sem margem para novas poupanças; b) falta de cultura de investimento/poupança dos portugueses - onde e como investir. Se o segundo subproblema se pode resolver recorrendo a uma instituição bancária (por exemplo), predominando o perfil de investimento conservador dos portugueses - apostas em PPRs, contas a prazo, aforros, etc.; já o primeiro problema não tem, a curto prazo, resolução, não se prevendo um boom da conjuntura económica e respectivo aumento considerável de salários. Resta apenas a muitos portugueses o aumento na percentagem a descontar, sendo que isso terá implicações directas na redução do rendimento mensal.

Concluindo, vamos ter de trabalhar até mais tarde e de poupar mais (mesmo considerando uma aplicação do Estado de uma parte das nossas contribuições em fundos de investimentos, ou qualquer outra ferramenta financeira). Mas também teremos de mudar a mentalidade das empresas, dos empresários no sentido de continuarem a apostar nos contribuintes para além dos 40 anos. É neste ponto que irá residir o sucesso deste ou de outro modelo de seg. social. Se falharmos, todos, aqui não vale a pena dizermos que teremos de trabalhar até aos 80, pois não haverá quem nos empregue.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Sexta-feira 13


Dia de Azar?!

Digam isso ao(s) apostador(es) que hoje ganharem 80.000.000 de euros...

Não se esqueçam, vão à Casa da Santa sorte.

quarta-feira, outubro 11, 2006

MIT ofusca tudo (II)

Novamente, repito, parece que o recente acordo com o MIT resolveu todos os problemas do ensino superior. Então se ao MIT juntarmos as directivas resultantes do Processo de Bolonha, temos do melhor que existe em termos de ensino superior na Europa e, quem sabe, no mundo.

As aulas ainda não começaram em muitas universidades e institutos, mas existem imensos problemas que a imprensa e blogosfera parecem ignorar. Os cursos, actualmente, são uma coisa bonita e bem estruturada para quem inicia agora o seu percurso académico na universidade. Para os que se encontravam no penúltimo e últimos anos dos respectivos cursos, este início de ano lectivo tem sido um pesadelo. Em muitas universidades não estão a permitir a alunos do regime anterior que concluam os anos que faltam, obrigando a uma migração para o novo regime com toda a trapalhada que advém das equivalências. Vou nomear apenas 1 caso que me é próximo, como exemplo, mas muitos mais haverá por aí:

ISA - Universidade Técnica
- Uma aluna que transitou para o 5.º ano, no Curso de Engenharia do Ambiente, foi obrigada a migrar para o currículo bolonhês - não permitiram completar o último ano no regime antigo. Resultado, como o curso condensou o número de cadeiras, inclusive acabou com algumas fundamentais para a área, os alunos do 5.º ano vão andar na boa vida, quase sem cadeiras e a fazer cadeiras que não têm relevância para a àrea, por exemplo, cadeiras de Arquitectura, etc. Em contrapartida, prometeram equivalências para o 1.º ano do Mestrado, ficando estes alunos, fazendo apenas com mais um ano, mestres. O problema é que a Ordem dos Engenheiros ainda não avaliou o mestrado bolonhês e, por isso, não acreditará curso nenhum, nem mestrados. Por outro lado, o curso com 5 anos está reconhecido na Ordem, mas estes alunos não o poderam completar...

Em Portugal é tudo muito bonito, mas as coisas não são reflectidas e não se acautelam os períodos de transição. O mesmo já me tinha acontecido a mim com o IMI, aquando da alteração deste imposto - nas finanças todos os funcinários sabiam tanto quanto nós contribuintes... quase nada.

NOTA - acredito que a trapalhada bolonhesa não se passe em todos os cursos, universidades e institutos, mas já tive relatos de situações semelhantes noutras instituições.

MIT ofusca tudo (I)

O recente acordo com o MIT parece ter tornado todo o Ensino Superior português num ensino de excelência, sem problemas e competitivo.

Segundo a notícia do semanário SOL (página 16), há universidades a aceitar alunos com habilitações académicas ao nível de um 9.º ano ou inferior. Pior é o facto de as provas de admissão e entrevistas serem facilitadas e iguais para diferentes cursos (?!) de modo a se preencherem as vagas de cursos sem alunos e, assim, se manter em funcionamento cursos, departamentos e até universidades.

Os alunos que têm tentado entrar através de exames nacionais (e com o 12.º ano completo) e não consigam, o melhor é esperarem pelos 23 anos e depois é sempre a andar...

Bem sei que este facto não afectou a maior parte das universidades públicas mais conceituadas, nem a Católica e afins, mas não deixa de ser preocupante que se ignore o assunto (pois pelo menos um instituto público está metido no barulho). [na blogosfera, que eu tenha visto, apenas o Retórica chamou atenção para o facto]

Mais preocupante ainda porque descredibiliza o ensino superior e contribui para injustiças no acesso ao emprego, uma vez que uns competem deslealmente com outros na obtenção de um grau académico que confere melhores oportunidades de carreira (não confundir com emprego garantido). Cabe às empresas recrutadoras fazerem a selecção.

A acompanhar...

terça-feira, outubro 03, 2006

Especulações blasfemas

Os blasfemos LR e JoãoMiranda, entre outros blasfemos, andam a ironizar, só pode, com a hipotética compra e venda de votos. Enquanto o JoãoMiranda acredita (espero que ironicamente) que quando um político promete que nos vai aumentar as reformas, baixar os impostos, etc. nos está a comprar, já LR acredita mesmo que devemos ir logo para a bolsa, comprar e vender títulos de voto (e ainda acrescenta que não está a ser irónico?!).

No caso do JoãoMiranda, lamento informá-lo, mas, caso não tenha reparado, TODOS os políticos fazem promessas, logo todos tentam "comprar". Se isto funcionasse numa lógica de mercado, todos os eleitores iriam votar no que "fizesse a melhor oferta" ou a maior. Ora em Portugal, isso de promessas não conta, vota-se acima de tudo pela personalidade / carisma do líder do PS ou PSD (ou no menos mau); ou quanto muito, vota-se contra o partido no poder como "castigo". Nem é preciso prometer muito, basta dizer: "eu faço diferente desses que estão agora no poder".

Se fosse mesmo possível vender o direito de voto, não é preciso ser um génio da economia para perceber que quem tivesse mais dinheiro, mais votos poderia comprar, especialmente, se avançássemos para uma lógica bolsista, em que haveria anonimato nas transacções. Ora a Democracia, apesar de todos os defeitos, e são muitos, pressupõe a responsabilidade do eleitor no momento da eleição e não a desresponsabilização total com lucro económico incluído.

Não sou ingénuo ao ponto de acreditar que todos votam em consciência, após estudo ponderado dos candidatos e dos programas (que raramente são cumpridos), há muita ignorância, clubismo político e ideológico, massas facilmente influenciáveis. Agora, acreditar que se votou no Sócrates, por exemplo, porque ele prometeu abaixamento de impostos ou aumento das reformas é também ingenuidade, o voto em Sócrates teve muito de voto útil para retirar de lá o Santana.

Concluindo, nem sempre as promessas eleitorais que envolvem dinheiro são causa directa da vitória de um partido/candidato. Contudo, se permitíssemos o "comércio eleitoral" aí sim, estaríamos a restringir o acesso à política e ao poder aos que tivessem capacidade financeira, pois só esses teriam meios para ganharem eleições.

Posto isto tudo, como exercício especulativo, bem hajam blasfemos...
...não estavam a falar a sério, pois não!?

Limpeza subtil na RTP

Parece que o jornalista Carlos Daniel "teve" de se demitir da subdirecção de Informação da RTP. As causas são várias, conforme se pode ler nesta notícia do Portugal Diário, mas a principal é o "comunicado a destempo [da] sua não recondução nos relatos dos jogos de futebol da selecção nacional".

Os factos são simples e claros, é fácil interpretá-los. Carlos Daniel conduzia um programa onde os convidados atacavam frequentemente as opções de Scolari e até algumas prestações de jogadores da selecção nacional. Concorde-se ou não com o "estilo" dos comentários, tais afirmações eram na maior parte das vezes feitas pelos "comentadores" residentes e não pelo jornalista Carlos Daniel que apenas conduzia o programa e introduzia os temas.

O problema é que a estação pública detém os direitos de transmissão da nossa selecção, e, durante o Mundial, ficámos a conhecer a política da assessoria de imprensa da selecção, os que não estão com a selecção estão contra nós. Não há meio termo, nem livre crítica. Ora como o programa pelos vistos até tinha alguma audiência, tornou-se num programa incómodo...

Neste momento não sei se o programa vai continuar, se os comentadores vão ser os mesmos ou não. O que circula no meio é que houve pressão da FPF para que o programa terminasse... ou então os direitos migrariam para outra estação...

Assunto a acompanhar...

segunda-feira, outubro 02, 2006

Depois admirem-se...


Já não conheço esta Europa!

Primeiro todos nos rimos com os cartoons. Os defensores do PC (politicamente correcto) foram lestos a condenar a liberdade criativa, que não havia bom-senso, que estávamos a provocar gratuitamente os pobres dos extremistas... e eles pobres coitados, analfabetos, pobrezinhos lá queimaram bandeiras, embaixadas, atacaram igrejas e apelaram ao aumento da lista dos infiéis...

Depois veio o discurso do Papa, os membros do PC correram a clamar falta de bom-senso, logo nesta altura, devemos ser mais tolerantes, nós os civilizados não podemos provocar... qual liberdade de expressão qual quê, afinal o homem não representa os mesmos que também já perseguiram infiéis e que os queimaram em fogueiras... lá vieram os analfabetos, pobrezinhos queimar símbolos católicos, igrejas, assassinar uma freira e aumentar de novo a lista dos infiéis a eliminar...

Depois mais uma ópera, com mais de um século, mas onde se representa Maomé decapitado (tal como outros símbolos religiosos) e toca a suspender a ópera não se vá ofender os analfabetos, pobrezinhos e eles se lembrem de queimar, matar e ameaçar mais gente...

Os membros do PC fazem-me lembrar os líderes europeus, americanos e russos quando Hitler anexou o primeiro país... coitadinho é só um país, não faz mal, ele vai parar por aí... temos de os desculpar afinal ...

A Europa da liberdade de expressão, de associação e de pensamento livre está a morrer lentamente. A cultura do medo, da repressão está a entranhar-se, tal como aquando a ascensão lenta dos ditadores, começando de um modo que passa despercebido, as restrições são para o nosso bem, a nossa segurança... pios, claro. Nós, "os ocidentais culturalmente superiores", temos o dever de nos calar, de não dizer o que pensamos, pois eles, os pobrezinhos extremistas, não sabem o que dizem, nem o que fazem, e tal qual os mentalmente incapacitados, não podem ser responsabilizados, mas não deixam de matar e de aterrorizar...

Paralelamente a este facto, para além das restrições de pensamento e expressão intelectual, surgem as restrições comportamentais, para nosso bem, pela "segurança" da nossa saúde, guerra ao tabaco, guerra ao alcoól, guerra às gorduras não vegetais... proibir, proibir e mais proibir.

A Europa está a envelhecer, não na idade, mas nas ideias. O PC está a vencer e não se vislumbra uma contra-revolta...

Pobre Europa, quo vadis?

Foto: Eugène Delacroix, La Liberté guidant le peuple